Eu, oração
Eu vivo sumindo
Eu vivo voltando
Sou uma nômade que adora rotinas
Uma moderninha com hábitos provincianos
Contradição ambulante
Não me cobro coerência
Me dou o benefício da dúvida
Eu erro e desvio o caminho
Minha estrada
É perpendicular.
Tento dar forma ao que não tem ajuste
Na efêmera pretensão de lapidar
O que nasceu para ser imperfeito
Estranho
Sem jeito
Mas só o que me cabe é aceitar
Que sou virada ao avesso.
O que faço é inacabado
Um reflexo de mim mesma
Fragmento perdido no universo
Rascunho de palavras aleatórias
De um papel solto
No verso.
Entre a embriaguez e a lucidez
Prefiro a celebração
Dos instantes
Dos acasos
E das surpresas
O que vier é lucro
Espanto
Arrebatamento.
Não sou dada ao sofrimento
Não romantizo aquilo que me custa
A alma
A calma
Da vida só exijo
A leveza do humor
A profundeza do riso
Meu único compromisso é com a alegria.