Ame

Ame, não se encabule de proclamar,
descobrir o silêncio com seu grito.
Ame, comece pela manhã,
saboreie a luz do sol,
deixe que a brisa deslize em seu corpo,
navegue em suas curvas
excitando sua cobiça.
Ame o orvalho nas plantas
secando lentamente sob o calor,
mas ame, transfira-se ao amor
inteiro, sem metades, única,
soberana, flutuante como uma pluma.
Ame o meio dia, o alimento na santa mesa,
“o pão nosso de cada dia”.
Os famintos buscam uma migalha.
Ame a tarde que pouco a pouco morre.
Faça do ocaso um encontro,
uma nova esperança que nasce.
O poema é feito, salta da boca,
dá lugar ao beijo.
Ame a primeira estrela que pisca para a lua.
Faça da Santa Ceia a sua,
a nova reconciliação dos povos.
Ergamos uma prece a favor da paz
e alimentos aos menos providos.
Ame agora o silêncio.
Faça seu grito, proclame o amor
enquanto o sereno vem a passeio.
Ame, já estamos do outro lado do dia.
É a madrugada; façamos um só grito
enquanto rolamos no sossego de se ter,
possuir sensibilidade para aceitar,
distribuir, que sejam, apenas palavras
para um mundo melhor,
onde o amor deveria ser o eixo.
Ame, ame enquanto você achar que o sol não mudou de curso.
Como sempre, farei o meu caminho
ao longo de um só;
o seu.