UMA TARDE SEM VOCÊ
(Sócrates Di Lima)
A chegou na boca da noite, fria,
A chuva fina silenciou...
Mas de repente a nostalgia,
A lembrança do último encontro despertou.
Fecho os olhos num instante,
Deito na cama e me deixo levar,
Abro o portão basculante,
E deixo você entrar.
Sem mesmo desligar o motor,
Você se atira nos meus braços como louca
E num longo beijo de saudade e sem pudor,
Como se querendo me engolir pela boca.
E eu me deixo envolver nesse beijo ardente,
Mordido, de língua e selvagem,
Que meu corpo sente e logo fica quente,
Febril de desejos de um louca sacanagem.
Pego-a pelas mãos e a levo para minha cama,
Sem descolar os nossos lábios ardentes,
O amor vai nos despindo numa intrépida chama,
Ouvindo em sussurros que me ama.
E naquela cama aconchegante e quente,
Sob a claridade de uma azulada e luz,
Arrancamos as peças intimas da gente,
E a loucura do amor ao prazer nos conduz...
Como se divina e compulsiva senhora
Eu gosto, afoito, intenso, inteiro e quase animal,
Do jeito que gosto, tomo-a nos braços como você adora,
E ouço seus gritos que ecoam no quintal.
E nos meus braços ouve os batidos do meu coração,
Descompassado, sem folego quase não respiro,
E você me olha com carinho, ternura e com todo seu tesão,
Abraça-me, diz que me ama e eu suspiro.
Ah! Como não poderia deixar de ser...
Abro os olhos, e nesse momento sinto a saudade, que,
escorre nos cantos dos olhos sem querer,
Numa tarde fria, distante, dizendo que estou aqui, sem você!