Uma só vez





Sou do alto dos cumes,
tenho sob os pés um imenso,
grandioso tapete de luzes.
Sou favela de paixões, febres, ciúmes.
Tenho jambo que bamboleia,
muita carne, poupa que incendeia.
Sou grito de cidade,
favela de sonhos e amores.
Sou saudade que renasce
nas manhãs vindas primeiro,
nas noites dos cancioneiros,
nos barracos, festas de corpos,
festas em sonhos,
ilusória queda ao tapete,
sem retornos.
Mas tudo pára e se faz real.
Sou favela do carnaval,
que apenas uma só vez se despe de tudo,
pisa o tapete, deita e rola
e emudece na quarta-feira.