O tempo nos fios brancos
O tempo com sua doçura
Leva minhas mãos
Aos cabelos meus
Na noite escura
Para ver entre os reflexos das conversas
Gostosas
Os fios brancos a surgir
No emaranhado acastanhado
As mãos com traços enrugados
Feito mão n´água
Porém macias
Como se já nunca
Tivesse sido calejada
De partidas e chegas
O tempo delicado
Acalma minhas dores
Contando-me de tantos anos
apenas os que sorri
Os que afaguei e fui afagada
Dias de banho de mar
Pedaços de pudim
Dias de sol
Dias de chuva deitada numa rede
Lá no interior
Sem medo de molhar
Sem medo da poesia surgir
E me levar com o tempo