CRAVO E A ROSA
CRAVO E A ROSA MORENA
(Sócrates Di Lima)
Pergunta o cravo para a rosa:
- Porque chora em tamanha beleza,
Responde a rosa chorosa,
A beleza não é maior do que a saudade em tristeza.
E o cravo sem quase visão,
Olhando a rosa cabisbaixa e muda,
Num abraço de compaixão,
Acolhe a rosa em pétala surda.
Silencia o cravo em ato de amor,
Dá-lhe o ombro e seu carinho,
Sem mais nada a dizer compartilha sua dor,
E sente que com ela não estará sozinho.
Desfolhado o cravo se agasalha,
Sob os braços macios daquela rosa,
E o seu calor com ela compartilha,
E em olhares não precisa de prosa.
A rosa e o cravo,
Em um jardim sem dono,
Abraçados á luz da lua em conchavo,
Pactuam o não abandono.
E nessa união de cravo e rosa,
Superam a batalha que entra sem arma,
Sabendo que não precisa ser piedosa,
Vencer sua guerra de amor em alma.
Quem sai á guerra de seu próprio destino,
Só precisa conhecer o amor na sua plenitude,
E ter um outro coração badalando feito sino,
De amor e alegria e alma de juventude.
Na vida fazemos muitas escolhas,
E nem se colha a escolha com sapiência,
Quando se escolhe tem-se a permissão que refolha,
O livro da vida que o amor faz experiencia.
Ninguém se engana ou é enganado,
As escolhas são frutos que a vida floresce,
Saber amar quando se é amado,
E em planos buscar o que se merece.
Hoje não mais um cravo desfolhado,
Ao ser acolhido pela rosa morena,
Que não mais chora nem outra rosa ao seu lado,
Porque o amor dela é tudo que vale a pena..
E assim, tanto o Eu cravo quanto o ela rosa morena,
Não precisam de experiência e nem guerra fria,
Nem orgulho, nem capricho e nem muita prosa, nem pena,
Para se perpetuarem no amor de realidade e poesia.