Vida, não teve Largada!
Já me encontrava à toda na primeira reta.
À direita, na parte baixa da pista, um carro vermelho berrava.
Na esquerda, querendo chegar primeiro na curva,
Acompanhava-me o muro, alvo, mudo, concreto. Com seus dois metros de altura.
A Curva.
Eu e o Muro!
O carro vermelho, nem me preocupava.
Tangência atraindo-me pra fora.
Passamos. Todos juntos.
Rumo à segunda reta.
Por milagre, dentro da rota.
Acelera!
Vermelhinho, ousado, se apresenta.
Pé pisando na tábua!
Segunda reta, segunda curva. Tangência!
Como a pena de um poeta, meu pneu dianteiro direito,
Em câmara lenta, riscou de leve a alvura,
Daquela grande parede branca.
Bravura!
Aceleeeera!
Curva novamente se aproxima.
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Agora, respiremos.
Esta só foi uma volta completa das duzentas voltas,
De uma prova completa, em um circuito oval de corrida.
Poderia ser, também, a fórmula secreta de uma boa vida.
Para intensamente vivermos, como se fosse o último dia.
E os muros e os carros vermelhos
Estão aí para valorizar as nossas voltas,
Na corrida de cada um pela vida.