SOU VENTO
Eu me sinto às vezes
Como uma lufada de vento
Na superfície calma de um lago.
Arrepio, perturbo, incomodo
Nos caminhos por onde vago.
Mas é somente um momento,
E não o faço por mal.
Não me ensinaram a calmaria,
Não me ensinaram a ser brisa.
Às vezes sou vendaval!
Mas na alma sou vento brando,
Doçura que se mostra a poucos,
Com uns toques e carinhos.
Feche os olhos e me sinta,
Aquele que me quer bem.
São simples os meus caminhos,
Minha vida é singela.
Sou apenas alguém.
Sei que passei às pressas
Por vidas atrapalhadas,
Atrapalhando inda mais.
Só que saí machucada.
Sei que estacionei em amores impossíveis
Demorando a entender que devia partir.
Mas não tinha pra onde ir...
Rodei em redemoinhos
A buscar alguém sozinho
Pra me fazer companhia.
Só encontrei desenganos.
Carreguei poeira, galhos, folhas secas,
Em outonos e invernos.
Carreguei sonhos e quimeras.
Deixei as flores pra levar na primavera,
Mas ela tardou a vir...
E se me torno tufão
machuco meu coração.
Continuo sendo vento
Na chegada e na partida.
Rodopio e assovio
No espaço livre da vida.