BASTOU UM FEIXE DE SOL
A Lilian Reinhardt
Bastou um feixe de Sol sobre a roupa do varal,
Por testemunha minha cadela em meu quintal:
Percebi, vozes aparentemente mudas,silentes,
Ecoam pelos ares, sim, ecoam pelos ares !
São vozes afeitas a mil cantares,
São vozes que permeiam todas as gentes.
A vida - se ouvires - canta, tem isso de santa
E melodias beligerantes por belezas:
No plano duma folha pardacenta
O colorido! Tintas na missão do que encanta,
Como telas duma belle epoque bem francesa
O canto da alegria de viver se assenta!
Quarta dimensão, o tempo, em verdade foi primeira.
O tempo explode, eclode, perfuma, exuma
Uma epiderme lisa invulnerável a verrumas.
Sábados sabidos, domingos esquecidos e dias feiras
Trarão a canção: Viva, viva sob os feixes de Sol,
Faça teus momentos da alvorada até o arrebol !
NOTA: Escrevi este poema inspirado na obra de Lilian Reinhardt, aqui do Recanto das Letras. Sua obra é, a meu ver, genial, pois pautada em poemas visuais, isto é, nos quais versos e palavras são suprimidos mas ecoam no coração e na alma. Por isso, dedico este humilde poema a ela. E recomendo aos que me leem visitarem a escrivaninha dela, não se arrependerão.