BASTOU UM FEIXE DE SOL

A Lilian Reinhardt

Bastou um feixe de Sol sobre a roupa do varal,

Por testemunha minha cadela em meu quintal:

Percebi, vozes aparentemente mudas,silentes,

Ecoam pelos ares, sim, ecoam pelos ares !

São vozes afeitas a mil cantares,

São vozes que permeiam todas as gentes.

A vida - se ouvires - canta, tem isso de santa

E melodias beligerantes por belezas:

No plano duma folha pardacenta

O colorido! Tintas na missão do que encanta,

Como telas duma belle epoque bem francesa

O canto da alegria de viver se assenta!

Quarta dimensão, o tempo, em verdade foi primeira.

O tempo explode, eclode, perfuma, exuma

Uma epiderme lisa invulnerável a verrumas.

Sábados sabidos, domingos esquecidos e dias feiras

Trarão a canção: Viva, viva sob os feixes de Sol,

Faça teus momentos da alvorada até o arrebol !

NOTA: Escrevi este poema inspirado na obra de Lilian Reinhardt, aqui do Recanto das Letras. Sua obra é, a meu ver, genial, pois pautada em poemas visuais, isto é, nos quais versos e palavras são suprimidos mas ecoam no coração e na alma. Por isso, dedico este humilde poema a ela. E recomendo aos que me leem visitarem a escrivaninha dela, não se arrependerão.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 27/06/2019
Reeditado em 27/06/2019
Código do texto: T6683032
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