À ESPERA DELA
Postado na janela a esperá-la sem delongas
Rogo ao tempo que se vá, mas, sem demoras.
Ao longe escuto canção, umas milongas
E isto me sustenta e me serve de escoras.
Iria mais célere, fagueiro, não fosse meu barco à vela
Na ânsia de me apressar e ter meu par de olhos nela.
Contemplo-a acercando-se ao longe, ainda pela janela
Faceira, airosa, cheia de vida, e cada vez mais bela!
Traz uma flor que lhe enfeita o cabelo a lembrar primavera
E quando se aproxima, meu coração logo exclama, é ela!
Meu par de olhos não me trai e só assim me norteia
Dois mundos em um só mundo que o coração enleia.
E quando se vai a donzela ouço ao longe o som da viola
Meu coração doído, acelerado, ao escutá-la, chora!
Espero-a noutro tempo e que se venha sem demora
No alvorejar do novo dia encetado desde a aurora.