NÚMERO 9 – O CÃO QUE NÃO LATE
Entre latidos e mordidas
A construção de uma história
Da janela
A vida pulsa no corre-corre dos oito cães
Ver além dos bichos peraltas
Implacável amor
Entre eles
Entre eu e eles
Entre nós
Pela porta deixo entrar o nono
Sorrateiro e faceiro
Deita no sofá e pede colo
Me dá colo
Não late
Não morde
Mas se sacode, inquieto, peralta
Mais um que entra na minha vida
E me revira por dentro
É perfeito
É carinhoso
Não late
Mas diz tanta coisa com seu silêncio
Me faz sonhar
Sentir-me o verdadeiro dono
Dono? Não. Não sou.
Sou apenas o refúgio de que ele precisa
E ele?
É o número 9.
O cão que não late
Mas faz tanto estrago no meu coração.