NÚMERO 9 – O CÃO QUE NÃO LATE

Entre latidos e mordidas

A construção de uma história

Da janela

A vida pulsa no corre-corre dos oito cães

Ver além dos bichos peraltas

Implacável amor

Entre eles

Entre eu e eles

Entre nós

Pela porta deixo entrar o nono

Sorrateiro e faceiro

Deita no sofá e pede colo

Me dá colo

Não late

Não morde

Mas se sacode, inquieto, peralta

Mais um que entra na minha vida

E me revira por dentro

É perfeito

É carinhoso

Não late

Mas diz tanta coisa com seu silêncio

Me faz sonhar

Sentir-me o verdadeiro dono

Dono? Não. Não sou.

Sou apenas o refúgio de que ele precisa

E ele?

É o número 9.

O cão que não late

Mas faz tanto estrago no meu coração.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 22/09/2018
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