DEVANEIO
Residi na rua onde ele mora
vendo a todo instante a imagem dele.
Sei que, ausente, hoje implora
que eu volte para ele.
O amor que do primeiro olhar nasceu
alimentou-se da esperança sadia,
que, com o tempo mais cresceu
inspirando emoções que sentia.
O negrume do olhar que adoro
no devaneio dos carinhos seus,
não mais enfeita a rua onde moro,
porque está longe dos olhos meus.
Na nostalgia da minha rua
não vejo na residência em frente
as mãos brancas como a lua
que amei e beijei ternamente.
ZILMAR PIRES