A BORBOLETA...
A BORBOLETA
Detendo os meus passos,
Absorvo o teu voejar...
Derramo os meus sentimentos
E, em teu encanto, me ponho a sonhar!
Paraliso-me ao encontrar-te
No fascínio dos jardins,
Tocando as pétalas veludíneas
Que faíscam sobre mim!
Quisera segurar-te num raio de sol
Ou nas pedrinhas de praia,
Mas tua alma peregrina,
Voeja, na mais bela sinfonia!
Bordarei os teus caminhos
Fazendo silhuetas de ti
E dar-te-ei o meu tempo
Entre cântaros de jasmins!
Segue o teu voo acrobático e terno,
Ruflando as asas violáceas,
Deslumbrante sob o teu céu liberto,
Misteriosa borboleta bela!
Mas venha pousar sempre terna,
Sob a égide do meu domínio
Ao som dos campanários
No crepúsculo vespertino.
Quero as palavras em asas de borboletas
A fim de que floresçam ousadas
Para fora dos pensamentos.
Sem fronteiras,
Sem limites e nem fim...
Entre sorrisos escancarados
E lágrimas choradas nas pontas dos dedos.
Quero as palavras como pétalas
Que se soltam
Em voo livre sem pára-quedas
E caem versos ou prosas
Sobre a aridez dos olhares sedentos.
Palavras são emoções em movimentos...
Deslizam fugazes como um sopro
Ou tempestivas como um ativo vulcão.
São traços, riscos,
Esboços de vidas
Revelando a concretude dos fragmentos,
Expostos na imensidão das letras!
Palavras alinhadas, cruzadas
Cada qual com seu estilo.
Palavras imortais e infinitas
Nos versos do silêncio que não se cala
É aconchego de muitos sonhos
A fonte...
... A ponte
Entre o real e o imaginário
Dois princípios
Juntos a esse porto de abrigo
Quero palavras...
Que respiram.
Luiza De Marilac Michel