Mostro os dentes
Rasgo os meus olhos em cada risada
Sorrio sem gaguejos
Sem bocejos mutilados
Que receiam incomodar quem está ao lado
Sorrio livre sem utopia
Entrego-me ao nada
Ultrapasso os meus sonhos
Atropelo os insensíveis
Sou estúpido o bastante
Para sorrir de coisas sérias
Dou gargalhadas carniceiras
Mas às vezes nem sei por quê
Tenho prazer em falar sozinho
Em cultivar carinho nas feridas
Acho correcto e sensato
Ver o bem de todos os males
Não sinto pena da morte
Sou comediante mendigo
Peço esmola às anedotas
Para elas rirem-se comigo.