Mostro os dentes

Rasgo os meus olhos em cada risada

Sorrio sem gaguejos

Sem bocejos mutilados

Que receiam incomodar quem está ao lado

Sorrio livre sem utopia

Entrego-me ao nada

Ultrapasso os meus sonhos

Atropelo os insensíveis

Sou estúpido o bastante

Para sorrir de coisas sérias

Dou gargalhadas carniceiras

Mas às vezes nem sei por quê

Tenho prazer em falar sozinho

Em cultivar carinho nas feridas

Acho correcto e sensato

Ver o bem de todos os males

Não sinto pena da morte

Sou comediante mendigo

Peço esmola às anedotas

Para elas rirem-se comigo.

Widralino
Enviado por Widralino em 20/03/2018
Código do texto: T6285582
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