MANHÃ DE DOMINGO
Manhã de domingo, tão calma,
Sem voz de viva alma
A quebrar a magia
Da melodia:
-Som dum piano,
A chama
Que minha alma inflama.
Afugentei para bem longe
Pensamentos circundantes,
E qual bom e piedoso monge,
Não há em mim neste momento
Pensamento,
Que não possa contar a um santo.
Doce quietude, manhã silente,
Até a chuva que lá fora cai
Desce mansinho, docemente,
Para não quebrar o encantamento
De tão sublime momento.
Ah! Que bom seria
Poder sentir sempre a beleza
Das coisas simples da natureza;
Poder amar, sempre,
Toda a criatura, toda a gente...
Fazer do pensamento
O instrumento,
Para sonhar;
Posto que o sonho
Não precisa ter asas para poder voar.