Nuvens de vapor
 
 
 
As nuvens ao encobrirem o infinito, estimulam os sentidos do observador e dão asas à criatividade, permitindo que nesse momento sejam geradas miríades de imagens na sua mente que desafiem à própria sanidade.

Tudo através da sutil percepção das formas de origem puramente mental, que paulatinamente assumem bizarras formatos como se fossem o subproduto de uma emoção reprimida que, num repente, aflora nesses estratos.

Extasiado diante de variadas projeções criadas por uma mente buliçosa, vê abismado a brisa cadente descer pelos flancos das vertentes e modificar seguidamente novas representações, criando miragens que se transmudam no esgarçar de uma teia de flocos de vapor, em que cada detalhe sofre severa metamorfose na mente do seu criador.

Nesses devaneios sem um sentido aparente, deixa-se levar pela grata e inusitada emoção e fica à mercê dos estímulos provocados pela rica imaginação, talvez na expectativa premente de descobrir em que lugar do inconsciente ficou impressa a imagem saudosa de uma derradeira paixão.