Poema da Viagem
Se eu tivesse apenas algumas migalhas.
Passaria anos viajando desbravando terras alheias.
Escreveria poesias vendo o pôr-do-sol de braços dados com o Cristo Redentor feito pai e noiva.
Ouveria o barulho dos cascos dos barcos batendo sobre as águas nas travessias dos rios amazônicos e transformaria em canções com notas musicais criadas por mim.
Comeria juçara com farinha e peixe assado sentado debaixo das mangueiras carregadas, proseando com amigos de infância, tendo como orquestra a brisa do vento forte das tardes quentes maranhense.
Ancoraria meu corpo ao lado do farol da baía de São Marcos e declamaria Vinícius de Moraes para povos ribeirinhos.
Extraindo amêndoas do cocô-babaçu e torrando-as dentro de um caldeirão com fundo preto para que as mesmas virem azeite.
Festejaria no violão mesmo sem saber tocar, a Canção do Exílio do caxiense Gonçalves Dias.
Pousaria sobre as asas de uma águia nos lençóis em Barreirinhas, e fotografaria as caudas das dunas de areia para ilustrar meu livro de diversidades poéticas.
Em Carolina, me hospedaria sobre as cachoeiras e destribuiria camisas escritas com meu poema Nordestinos Somos há turistas estrangeiros, para que fique grudado em seus corpos, para todo mundo ver o nosso orgulho.
Finalizaria a tour percorrendo os nove estados do nordeste, apresentando as encantadoras obras do nosso saudoso Ferreira Gullar.