ONDAS

ONDAS

Apanhei os teus olhos dentro de mim,

e isto já era a minha conquista,

mas quando tua boca se abriu,

a onda que senti foi quente e luminosa.

Onda sobre onda sobre nós

Reviramo-nos e não nos falamos,

e tanto se acumulou,

e tudo era novidade

na pele que raspava,

no beijo que voltava.

onda sobre onda sobre nós.

Caminhamos por uma praia.

Mal sabíamos:

o afeto era algo que surgia

como blindagens infantis :

meninos chutando a areia;

cachorros atrás dos seus donos;

mãos se apertando

e isso na tinta da primeira aquarela.

Onda sobre onda, sobre nós.

Tantas ondas.

O mar que ainda atravessamos é um amor imenso.

O amor que ainda atravessamos é um mar de veludo cristal.

do livro:"A criança, substantivo sobrecomum"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 04/07/2017
Reeditado em 31/07/2020
Código do texto: T6045864
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