Menina
De manhãzinha essa menina se enfeita
Como essa coisa é tão bonita
Ser criança, ser equilibrista
E quando acorda se esquece
Quando todos se enlouquecem
Por achá-la perfeita
Ah essa menina não conhece o desespero
Tanto sonho, tanto medo;
E quando alguém sorri meio sem graça
Não percebe os defeitos
Dessa senhora sem respeitos
Que diabo, de menina;
Acorda o dia já feliz
Não vê que não tem nada, não tem vida;
Não a gosto, nem comida;
Pra esse dia sem carícia
Já acorda assim meio cansada
Desse jeito, dessa cama, desse homem;
Abre as pernas, esquece o nome;
Dos brinquedos, das amigas;
Ah essa menina
No outro dia acorda assim sem desespero
Acompanha o dia inteiro
Sem ter pressa de acabar
Esse sono, essa vida...
Já acabou, não é preciso mais pensar.