SILÊNCIO QUE AMANHECE

No silêncio que paira

Nas rotinas emudecidas

De minha trajetória que comove

Minha sombra não se move

Não se nota

E não se encontra

Será que existe?

Não insiste?

Inexiste?

O pássaro já não canta

Gotas de orvalhos não respingam

E a umidade se enxuga

Nos ventos ressequidos de verão

Enquanto o sol resseca as flores nos quintais

A poeira descansa nos tijolos

E a melancolia vagueia na colmeia do ser

Doces tristezas existentes

Tornaram-se encantos de se ver

Por não se querer ter

Fugir e não mais pertencer

Alma abatida,

Vida partida,

Despedida

Ida, Não mais estou

Só há vazio. Deserto.

Depois da partida.

No silêncio que paira

e a tudo domina.

Mas não tarda a cantilena

Das lágrimas alegres do céu

Incendiando de frio a alvorada

Brilham os cristais na grama do jardim

A chuva da madrugada resplandece ao dia, enfim

No silêncio que amanhece, nascem flores e capim

Uma caminhada sempre assim

Simples assim

Uma felicidade para mim

O sorriso me enfeita o dia

Abraço a brisa que me beija

E me sacoleja de alegria

Tornando-me andarilho nas terras sem-fim

Enquanto danço cirandas eternas que vivem em mim

Nonato Costa
Enviado por Nonato Costa em 20/12/2016
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