SILÊNCIO QUE AMANHECE
No silêncio que paira
Nas rotinas emudecidas
De minha trajetória que comove
Minha sombra não se move
Não se nota
E não se encontra
Será que existe?
Não insiste?
Inexiste?
O pássaro já não canta
Gotas de orvalhos não respingam
E a umidade se enxuga
Nos ventos ressequidos de verão
Enquanto o sol resseca as flores nos quintais
A poeira descansa nos tijolos
E a melancolia vagueia na colmeia do ser
Doces tristezas existentes
Tornaram-se encantos de se ver
Por não se querer ter
Fugir e não mais pertencer
Alma abatida,
Vida partida,
Despedida
Ida, Não mais estou
Só há vazio. Deserto.
Depois da partida.
No silêncio que paira
e a tudo domina.
Mas não tarda a cantilena
Das lágrimas alegres do céu
Incendiando de frio a alvorada
Brilham os cristais na grama do jardim
A chuva da madrugada resplandece ao dia, enfim
No silêncio que amanhece, nascem flores e capim
Uma caminhada sempre assim
Simples assim
Uma felicidade para mim
O sorriso me enfeita o dia
Abraço a brisa que me beija
E me sacoleja de alegria
Tornando-me andarilho nas terras sem-fim
Enquanto danço cirandas eternas que vivem em mim