Volúvel

Ora comigo em meu leito,

ora no peito de outro...

Onde ela mora? Ninguém o sabe...

Vez por outra é vista numa revista,

vitrine ou livro sagrado,

outras, sentida num breve agrado

físico ou do plano ideal

e não raramente foge como quer,

segue os passos de uma personagem qualquer

de algum filme irreal,

corre por livros, poemas, uma peça teatral,

esconde-se em fotos guardadas

ou ainda sequer tiradas e tantas vezes

em minhas mãos parece que a ponho

e no entanto me escorre entre os dedos, cruel,

como quando se acorda de um sonho...

A felicidade é uma parceira infiel.