RESSURREIÇÃO

A tua vida me impressiona.

Ela é tudo aquilo

que os intelectuais chamariam de caos,

os preconceituosos de sujo,

os religiosos de pecado,

os hipócritas de inferno.

Ela é aquilo que eu chamo apenas VIDA.

Você é primitivo como a mata virgem,

bom como quem ouve estrelas,

doce como quem entende um jumento,

puro como uma criança que tem medo do escuro.

E eu,

tão pequenina diante de você!

Perdi minha cor,

forma, identidade.

Deixei minha verdade

entre páginas de tantos livros

e arquivos empoeirados.

Perdi meu falar

nas palavras difíceis

e nas expressões esnobes.

Perdi meu pensar

em reflexões complicadas

e lições presunçosas.

Mas não perdi a minha essência:

coração, sentir.

E, ao encontrar você,

volto às raízes,

quero tirar todas as capas

e quero ser quem sou.

Volta à tona

a mulher encantada,

simples,

pura,

que a mentira drogou.

Dispo a minha armadura,

ponho-me nua,

feita de lama e sol.

Renasce em mim

a mulher primitiva

que é pranto e riso,

estrela e bicho,

grito e silêncio,

vida e amor!

Sal
Enviado por Sal em 10/10/2005
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