Eram feridas
Eram muitas as feridas
Plantadas pela vida
No meu corpo
Eram doloridas e sangravam
Irradiavam veneno
Dentro de mim
Nunca conseguia libertar-me delas
Quanto mais eu tentava
Mais me intoxicava
Com o veneno delas
Até que um dia eu entendi
Que se estavam ali
Foram plantadas por mim
Meu corpo era um terreno frágil
Muito acidentado
Sempre culpando o outro
Por não ser tão adubado
Quando o jardineiro era eu
Que escolhia o que plantar
Naquele jardim que tinha
Aqui dentro de mim
Então resolvi mudar
E busquei primeiro amar
Para depois então plantar
Rosas no meu jardim
E elas brotaram tão fortes
Coloridas e perfumadas
Quem conseguiram assim
Cicatrizar as feridas
Quem sangravam no meu jardim...
E hoje o ramalhete
Que enfeita meu coração
São as rosas que carrego
Todas plantadas por mim
MARIA CÉLIA PINHO