Rascunho
Tenho nas mãos a folha amarelada,
Permeada de forte sentimento,
Que dentro de um livro foi deixada,
Esquecida, até esse momento.
Leio o rascunho de versos, escritos
Numa noite qualquer, nem lembro quando,
Que soam qual silenciosos gritos
De quem tinha o coração sangrando...
Vejo naquela folha de rascunho
O que eu escrevi, de próprio punho,
Num tempo infeliz vivido outrora.
Já não reconheço a autoria
Dos lamentos que a dor me impingia;
Tudo é muito diferente agora!
Hoje, minh'alma canta de euforia,
Já nem lembro o muito que sofri,
De quem me fez sofrer, eu esqueci,
Perdi tempo demais sendo infeliz!
Rasgo os versos carregados de dor,
E jogo as tristes lembranças fora...
Hoje, escrevo poemas de amor;
A alegria é a força motriz
Responsável por eu viver agora
Ocupada demais, sendo feliz!