Do Saber de Sêneca

Escolha, da turba, a oposta trajetória

Para o contentamento do seu coração

Pois o contrário é apenas mera imitação

Já que ninguém erra por conta própria.

A virtude te distancia da vil multidão.

Busque o bem maior, fuja do comum.

Entre tantos não seja apenas mais um.

Os vulgos ruins intérpretes sempre são.

Quando pensar no que sua boca disse,

Achando que era sabedor nato de tudo,

Nesta hora inveje o mundo dos mudos

Já que o saber tudo é bem que não existe.

Mantenha-se longe do que pensa a turba.

Entretanto será alvo fácil para seus algozes

Que sabem, agora, o que mais te pertuba.

Assim sendo se tornam muito mais ferozes.

Qualquer maldade resulta em deficiência.

O bem maior e supremo despreza o fútil

E se satisfaz com a virtude e magnificência

Da bondade, que é nossa riqueza mais útil.

As qualidades são o alimento dos deveres

E traz consigo uma dose de alto altruísmo

Sem se deixar cair em nenhum casuísmo.

Tem o prazer quem desprezar os prazeres.

Este é o atalho seguro que te leva ao amor,

O bem maior que rege a manada humana

Rumo ao caminho reto da bem-aventurança.

Despreze seus desejos para diminuir sua dor.

*Lúcio Aneu Séneca (português europeu) ou Sêneca (português brasileiro) (em latim: Lucius Annaeus Seneca; Corduba, 4 a.C. — Roma, 65) foi um dos mais célebres advogados, escritores e intelectuais do Império Romano. Conhecido também como Séneca (ou Sêneca), o Moço, o Filósofo, ou ainda, o Jovem, sua obra literária e filosófica, tida como modelo do pensador estoico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da tragédia na dramaturgia europeia renascentista.

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 25/07/2016
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