Itapecuru, minha terra!
Benedita Azevedo
Minha terra mais querida
fica lá no Maranhão.
Andei tanto nesta vida,
mas, lá está meu coração.
Quando meus olhos abri
debaixo do palmeiral,
meus pais andavam ali
no meio do arrozal.
O cheiro de peixe assado
no braseiro da cozinha,
hoje me leva ao passado
e lembra minha mãezinha.
Com tantos filhos à mesa
boquinhas para comer,
caprichava a sobremesa
com sucos para beber.
Mais tarde já na escola
despertei para a leitura.
Carregava na sacola
os livros de aventura.
Mas, também a poesia
tomava meu pensamento.
“Meus oito anos” já trazia
de Casimiro meu alento.
Com Iracema de exemplo
ficava eu a sonhar.
Nos braços de seu Martin
que veio de além mar.
Mas, também, eu e Cecy
tínhamos nosso herói.
Sonhávamos com Peri
que só maldade destrói.
De Romeu e Julieta
achava um desperdício,
deixarem que os capetas
tirassem suas vidas no início.
Os livrinhos de cordel
falando de Lampião,
rimavam com bacharel
sonho do pai pra meu irmão.
Meu Rio Itapecuru
companheiro, confidente
e a palmeira babaçu
pra mim pareciam gente.
Ao murmurar do banzeiro
meu rio falava comigo.
Co’o sabiá o dia inteiro
palmeiras ouvem o amigo.
De meus pais e meus irmãos
uma saudosa alegria.
Da minha avó e meus tios
lembrança que acaricia.
Lá do meu grupo escolar
de colegas professores,
como extensão do meu lar
descobri novos valores.
Meu coração inocente
ao deixar a minha terra,
era de uma adolescente
querendo subir a serra.
E vislumbrar lá do alto
e sob a luz do saber,
sua terra dar um salto
dar cultura pra beber.
Através da academia
vai se descobrindo a glória
que de longe existia.
Só precisa que a história...
Abra as asas para o estudo
não somente do passado,
mas das manifestações
pelo presente abraçado,
estimulando os confrades
a mostrar capacidades
lá deixando seu legado.
Praia do Anil, 24/07/2016 à 01:04
Benedita Azevedo