Poeta piá

Naquele olhar a tristeza refinada se revira em alegria

O poeta piá, arisco no pulo do gato, vai além, vai até lá

Sua carta é guardada na mangueira do seu infinito quintal

Pontua com tanto esmero, sublinhando de solar amarelo

E de branco, em banco desbanca o estatuário e sorri

Desmancha nuvens em seus voos de simulada simetria

Brinca de pousar, aquietando grãos de areia que saltitam

Se o mundo fica pequeno, conhece a arte de multiplicar

Inventa galáxias, explode universos e viaja até onde se lança

Iça estrelas, peneira poeira, dá corda na terra para ela girar

Em suas mãos estão todas as regras para muitas quebrar

Doador de brilho, usa do seu cinzel e ajeita até o que nem há

É e não fica, fica sem ser um tanto sem querer, o poeta piá

Há instantes em que sua alegria é apunhalada de melancolia

Então todos os céus se derretem em lacrimejantes cores

Todas as músicas se entrelaçam no descompasso de dores

Coisa mais triste, assim não persiste e se pendura ao luar

Piá faceiro, tão assim brejeiro, é exímio na arte de ensinar

Ainda que no remanso, reluz seu encantamento contagiante

Tonta que não sou, olho e brindo o mestre, o poeta e o piá

Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 02/07/2016
Código do texto: T5685608
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