Devorada pelo café da tarde
Recebo misteriosas mensagens
criptografadas na espuma do café da tarde.
Desafio-me à decifra-las, antes que o café esfrie,
pelo inconsciente estado de ser das palavras.
Um toque de leve no lápis e já jorram
sem controle versos e frases.
O som gostoso do grafite quando risca o papel,
dá ganas de repeti-lo de novo e de novo, eternamente.
Isso me lembra o gosto musical excêntrico que cultivo
e me embala as tardes, à salvo da televisão.
No jardim, deito-me no pano estirado e vejo o tempo passar ou parar
poetando detalhes dasapercebidos de minha intenção.
Se passa ou para pouca diferença faz, afinal, o que importa
é a sensação de bem-estar, regalo raro da música,
das tardes, dos poemas e do café
que findo, achando muita graça, de não poder decifrar.