COISAS PEQUENAS

Eu queria falar de coisas pequenas.

De pessoas que se olham e não se vêem.

De estar juntinho e tão longe.

De conceber o óbvio de uma atitude desumana

E não fazer nada, por medo da conseqüência do fazer.

De ver e não ter coragem de se envolver.

Da insensibilidade gerada pela necessidade de correr, de fazer!

Temos produzido tanto que não temos produzido nada.

Furtamos-nos de fazer o bem, mesmo quando está em nossas mãos o fazê-lo.

Não nos sentimos mais culpados.

Todos têm os seus problemas, não é verdade?

“Angu de um dia não engorda cachorro magro”.

Somos todos tão semelhantes, e tão diferentes.

Tão próximos mais tão distantes!

Enquanto uns cultivam flores e fazem jardins,

Outros constroem bombas.

Uns gastam quase toda a sua vida para descobrir uma fórmula de remédio que possa salvar um povo ou até uma humanidade inteira.

Outro mata, destrói, consome, mina os mais próximos de si, aqueles, os quais, mais ele deveria amar.

Perder tudo o que é de maravilhoso e que está ao redor sem perceber que perdeu,

Simplesmente pelo fato de não ter se acostumado

A entender que a grande beleza da vida está nas coisas mais simples, mais pequenas que a vida proporciona.

Falamos que sentimos mais dor, porque talvez sentimos menos amor.

Porque o amor é um antídoto!

Ele faz-nos ver onde não há nada para enxergar.

Ele nos torna sensíveis, e fortes.

Os mais fortes sempre foram aqueles que desenvolveram uma capacidade maior de amar.

Gosto de falar de coisas pequenas.

Porque são as coisas pequenas que fazem o sabor da vida.

Zelma Werneck
Enviado por Zelma Werneck em 27/11/2015
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