DOIS AMIGOS, UM CACHORRO

Cachorro, grande amigo desse tropeiro,
fiel camarada, meu amável companheiro,
somos tão pobres,nunca te dei uma ração.
Mas, como e tão fiel,tão nobre amigo,
como vivemos juntos, então divido contigo,
minha marmita, nosso arroz com feijão.

Não sabe, mas hoje e seu aniversário,
amigo, eu nunca te levei num veterinário,
mas te vejo bem forte e com muita saúde.
Amigo de verdade, no campo e na mata,
mas como gosto de voce, meu bom vira lata,
desde filhotinho te fiz tudo que pude.

Nesse rancho vivemos essa bela amizade,
voce não participa de minha dor e saudade,
ainda era filhote quando isso aconteceu.
Mas noto que fica muito triste o seu olhar,
quando eu estou em alguem a relembrar,
mas sei , não entende que ela já morreu.

E tudo o que me restou, meu querido cão,
seu carinho evitou um enfarto em meu coração,
abanava seu rabinho, quando eu chorava...
Voce acompanhou minha dor e minha agonia,
em seu olhar tão amigo, sei que força eu via,
mesmo sem meu afago, nunca se afastava...

Somos amigos, do outro sempre bem perto ,
embora moramos sozinhos nesse deserto,
vivemos bem, em paz, aqui nesse sertão.
Tenho por companhia esse tão belo animal,
que vive livre sem nunca conhecer um curral,
amigo, voce e  mais da metade de meu coração.

Sei, meu amigo, o que diz o seu terno olhar,
embora para mim, não possa nada falar,
nem e preciso, pois te entendo muito bem.
Mas... quando chegar o seu último dia...
Não te escreverei mais nenhuma poesia...
Por que juntos ...morreremos também...


 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 26/10/2015
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