A dupla face de uma janela

Janela aberta para o mundo
Janela aberta para a rua
Janela que mostra e que esconde
Que junta e que separa
A minha vida e a sua.


Da minha janela eu vejo tudo acontecer
Vejo o Sol nascer
Com todo o seu esplendor
Com calor para aquecer corações
E fazer ferver emoções.

Eu vejo o Sol sorrir para a lua
Que chega tão nua
Envergonhada e sensual
E de forma natural
O Sol a torna sua.

Eu vejo a lua
Iluminar de prata os amantes
Inspirar poetas andantes
Banhar a escuridão
E cobrir as ruas de diamantes. 

Eu vejo o vento
Em seu duplo momento
Carrear rajadas de sentimentos
Varrer lamento
E elevar contentamento.

Eu vejo amantes
Demonstrar amor
Esconder a dor
Enxugar pranto
E revelar encanto.

Eu vejo a chuva
Molhar a alma
Escorrer na palma
De alguém que passa
Que lava e acalma
Coração e mente.

Eu vejo a chegada
De quem vem me amar
Coração saltitante
Em mundo distante
Que não vai pousar.

Eu vejo a saída
De alguém que parte
De quem faz da vida uma arte
E que não se atreve
Para trás olhar
Talvez por medo
De sorrir ou chorar.

Eu vejo segredos
Sinto medo

Ouço o canto do encanto
Deixo rolar meu pranto
Aqui, no meu canto.

A dupla face da janela
Que me permite compartilhar
Ao mesmo tempo que me permite isolar
Sou apenas uma sombra na janela.




 
Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 25/10/2015
Reeditado em 25/10/2015
Código do texto: T5426738
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