VOA LIBERDADE

Viajamos nove meses pelo túnel da vida uterina

Até chegarmos ao destino da estação terrena

Onde há, como no céu muitas moradas e suas sinas...

Somos todos iguais menos nas passagens

Que pagamos com nossas digitais umbilicais ao eterno

Dormir é apenas uma forma de voltar ao tão violado útero materno...

Lágrimas são saudades que secam mesmo no inverno

Não podemos definir a estrada desta vida esburacada

Só podemos seguir adiante

Mesmo sabendo que o infinito é uma constante invernada

É um piscar de olhos abertos

Onde tudo é uma ilusão como um colírio de vinho

E lá na outra estação diante da escuridão

Há um círio cuja luz nos alumia o caminho

O corpo é um aluguel

E quando não pagamos ao inquilino

É selado o seu destino

Vamos do céu ao inferno , ferroadas e mel

Quando vemos as borboletas voando

Diante de uma flor que do nada se cria

Nunca e jamais veremos que ela ressuscitou

De sua dor enquanto no casulo se contorcia

Para o ar beijar com sua leve poesia...

Assim acontece com as pessoas

A gente esquece que nada permanece

Não é à toa dizer...

Que de certa forma tudo voa

E tudo a gente esquece...

Porque no fundo do poço

O fundo só existe pra atolar

Aqueles que mesmo com asas não sabem voar...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 20/10/2015
Código do texto: T5420647
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