VOA LIBERDADE
Viajamos nove meses pelo túnel da vida uterina
Até chegarmos ao destino da estação terrena
Onde há, como no céu muitas moradas e suas sinas...
Somos todos iguais menos nas passagens
Que pagamos com nossas digitais umbilicais ao eterno
Dormir é apenas uma forma de voltar ao tão violado útero materno...
Lágrimas são saudades que secam mesmo no inverno
Não podemos definir a estrada desta vida esburacada
Só podemos seguir adiante
Mesmo sabendo que o infinito é uma constante invernada
É um piscar de olhos abertos
Onde tudo é uma ilusão como um colírio de vinho
E lá na outra estação diante da escuridão
Há um círio cuja luz nos alumia o caminho
O corpo é um aluguel
E quando não pagamos ao inquilino
É selado o seu destino
Vamos do céu ao inferno , ferroadas e mel
Quando vemos as borboletas voando
Diante de uma flor que do nada se cria
Nunca e jamais veremos que ela ressuscitou
De sua dor enquanto no casulo se contorcia
Para o ar beijar com sua leve poesia...
Assim acontece com as pessoas
A gente esquece que nada permanece
Não é à toa dizer...
Que de certa forma tudo voa
E tudo a gente esquece...
Porque no fundo do poço
O fundo só existe pra atolar
Aqueles que mesmo com asas não sabem voar...