QUEM SOU EU?

QUEM SOU EU?

I

Quem sou eu?

Não sou nada.

Sou m pequenino grão de areia,

Presa cativa de uma só cadeia --

Teia tecida pelo destino

Que mordaz, traiçoeiro,

Me faz navegar em desatino,

Num cerrado nevoeiro,

Pelo oceano da vida,

Com o peito, a alma ferida

Palmilhando a longa estrada

Em busca do meu perdido norte

Que naufragou, ingrata sorte,

Na correnteza do meu eu!

II

Quem sou eu?

Por que aqui estou?

Que mistérios encerram o peito meu?

Por que guardo na alma, no coração,

Um mundo de paixões, de ilusões,

De sonhos, esperanças e decepções?

Quem sou?

O vento ululante responde:

Poeta, para o mundo,

Não és nada.

És, porém, para Deus -- muito importante

Que com afeto, com amor, te criaste,

Te preparaste

Para seguires pela longa

Estrada do existir,

Que por ventura,

No fim da jornada, corresponde

Ao último porto

Comum a toda criatura,

Mesmo que enseje,

Bestificado deseje

Riquezas, troféus e glória,

Sua única vitória --

É baixar à sepultura,

Cujo porteiro

Esse diligente hospedeiro

Das plagas de além-túmulo,

Solícito à espera está

Do hóspede que ali chegue.

Que importa que seja rico ou pobre

Está sempre aberta a porta!

JUCKLIN CELESTINO FILHO
Enviado por JUCKLIN CELESTINO FILHO em 06/10/2015
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