ESTAÇÕES DO QUERER

Tal como o frescor da água em corredeira,
Ou doce da cana que em garapa incendeia.
Paixão retribuída refresca o que é ardente,
Abrasa coração no que arde aguardente.

Força que segue sem controle nesta febre,
Que conduz e induz a perseguir quem tanto fere.
Descontrola, devora e tarde logo implora,
Quem tanto quer e chora pela demora.

Cego se a razão for amor,
Do toque suave num corpo em ardor.
Que impele aventurar-se pela pele desta flor,
Que se entrega com perfume da transpiração em vapor.

Destas estações que só vivendo se sabe,
Que nada se sabe quanto se imagina saber,
Do que é a força que invade um ser,
Pelo quente sentimento da menina em querer.

ANTONIO C ALMEIDA