Graças!

Hoje se afrouxam os polegares na garganta
 Rompe-se a corda no pescoço
Um sol desponta novo
Um dia lindo em alvoroço
Pende caída a mão de aço sobre o peito
E agradeço
Finda-se o algoz, o pesadelo
Hoje o fantasma disse adeus
O mundo se redimiu
Nasceu azul, se abriu
E agradeço
Agora o chumbo é algodão
Nuvem macia no espaço, na imensidão
Lâmina cega perde o fio, derrotada
É bom ser leve, livre e solta
Desenfreada
E agradeço
Hoje é um dia entre muitos que hão de vir
Assim bonitos de viver, e repetir
E quero crer, outros virão
E agradeço
Beijando o céu, o ar, o chão...
Quero pular, rir e cantar
Brincar na rua sem razão
O medo se espatifou, eu sou criança
Que salta, cabriola, faz a dança
E agradeço,
Obrigada, Meu Senhor,
Será mesmo que mereço?


                                                *Para um dia feliz! Feliz como poucos já foram!