Apenas cansado
Uma praça imensa, quase vazia.
Final de tarde.
Ouço apenas um sussurrar.
Voz quente e macia.
Pede licença para sentar,
Olho distraído e penso:
Tantos lugares e justamente aqui.
Olho novamente. Aquelas duas pérolas azuis,
Intensas a me fitar.
Sem resposta ela senta, delicadamente.
Penso. Um anjo que veio acalmar minha aflição?
Sim, estou aflito, meu mundo caiu.
Estou sem rumo, sem esperança.
Nada mais importa na vida.
E ela ali, ao meu lado, querendo me dizer algo.
Eu procuro recordar,
Qual a causa de minha angustia?
Não encontro resposta,
Apenas aquela sensação de medo,
Pavor mesmo. Minha vontade era sumir.
E ela ali, seu perfume suave.
Começava a me consumir.
Nem vontade de falar eu tinha,
Um tormento.
Ela tocou meu ombro, dizendo:
Não se agite tanto, senhor, deve ser um sonho.
Acordei, a praça era pequena,
O sol ainda brilhava,
O colorido das árvores e flores
Fazia aquela tarde esplendorosa.
Crianças corriam, pulavam na grama.
Mães felizes, conversavam,observavam.
Meu anjo dos olhos azuis
Era uma criança, que sentado ao meu lado
Brincava com a sua boneca.
Meu sorriso se abriu alegremente,
Olhei para ela que retribuiu com sorriso meigo.
Pensei, graças a Deus, estou bem,
A vida é bela, merece ser vivida em plenitude.
Vou para casa, os meus me esperam.
Fortaleza (CE), 12 de maio de 2015