Tapas do divino

Das correrias da vida
o que sobra é o barulho;
ensurdecedor, de certo,
pelos tapas divinos.

Na curva íngrime da vida,
escorregar é retomar o caminho;
sentindo o dedo divino
após o tapa doído.

Sem medo enfrentar o risco,
sabendo-se protegido e querido;
mas sem testar sua fidelidade
para que invés de tapa,
não sofras o acorde fúnebre.

E assim, na gratidão da vida,
poder sensibilizar a alma;
e se a dor é recordação
que a marca seja leve,
para que o temor não sobreponha a missão.

E em outras curvas eu sinta,
não os tapas do divino,
mas apenas a brisa
de uma viagem sem rima,
pelas estradas do destino.