O Riso

Entre o choro ficamos, esperando,

ansiosos pelo momento exato

que o carrossel imparável da vida

ofereça-nos o curto espaço que há

entre os nossos cavalos de batalha,

permitindo-nos o tempo de brincar.

Riso, é como um filho alegre,

tendo ao fim dos dias mais árduos,

sempre um caloroso abraço.

Ou como aquele gosto, doce,

que o fruto só oferece após a casca.

Sim. ele tem simplicidade de criança,

brincalhona, divertida, que por vezes,

irá gostar de pique-esconde,

escolhendo entre os lugares preferidos,

as mais simples e menos prováveis

passagens do momento.

Muitas vezes, incontáveis até,

por entendemos como peraltice,

deixamos de lado a brincadeira

e choramos mesmo, até doer.

Coisa de criança crescida, feito adulto,

que tendo ganhado outros brinquedos

mais sérios e urgentes, já tem escasso

o tempo de procurar o riso escondido.

O riso não tem essa preocupação,

nem a pressa de ser encontrado,

pois conhece o segredo de brincar

e ficará lá, rindo, esperando

até que seja encontrado,

ou até que o cansaço chegue.

Assim ele volta, voluntarioso,

exausto de tamanha alegria,

feliz e realizado, para em nosso colo

se recostar e dormir o sono dos anjos.