Cem Ovelhas
Cem ovelhas (03)
Nas bandas do Oriente, havia um camponês,
olha só o que ele fez, ao reunir suas ovelhas,
brancas, pardas e vermelhas, uma a uma ele contou.
Sentou-se preocupado, será? Contei errado?
Novamente a contagem.
De certo lá na pastagem
havia ficado uma, e antes que ela suma,
partiu- lhe a procurar.
Todas essas no abrigo, pois aqui não tem perigo,
vou deixá-las descansando, enquanto o sol vai entrando.
E iniciou a jornada.
Era escuro e era frio, começava a geada.
Ouvia-se o uivar de lobos nas altas frias montanhas,
pensava que as entranhas da pobrezinha ovelha,
tinham-lhe devorado antes de ser achada!
Mas o bom pastor persiste, escalando montes frios,
atravessou alguns rios,
chocalha o sino constante, cansado seguia avante,
atento ao um bramido seu.
De madrugada adentro, espera em qualquer momento,
ver sua manifestação, mas veio a fadiga, então...
sentou-se a descansar,
tomou uns goles d'água, e rendeu-se a cochilar.
No outro dia inteiro, palmilhou outeiros, campos,
procurou em todos cantos, vales, rios, gruta adentro,
quase desistindo então - quando em certo momento, ouviu um gemido,
e atento: era dela este bramido, pois a conhecia bem!
Olhando do alto a viu, ali, tremendo de frio,
juntou-a nos braços seus.
Assim como faz Deus.
Esqueceu o seu cansaço, atravessou o regaço,
marchando como um soldado, e em seus braços, pendurada,
levava a ovelha ferida, assustada e perdida já quase sem esperança.
Chegou logo a sua Estância, e chamou os seus amigos:
"Esta, eu havia perdido, felizmente a encontrei".
Foi tanta felicidade, naquele forte abrigo,
que nem me expressar consigo!
De tanta emoção chorei...