A mesa
Bela mesa branca,
retangular, formato de geometria,
nem grande nem pequena.
Doce lembrança,
sempre amena.
É bela porque multiplica
vida nova todo dia.
O que tem de novo?
A surpresa e a alegria.
Causa espanto
o encanto de cultivar
o dom de amar
e as imagens que a memória
conservará de uma história
que nela se incorpora.
Ela é permanência,
é vida,
é abraço, é acolhida.
Está sempre completa,
sabe dividir, sabe somar.
Nela a vida se desdobra
em mais vida.
Detém mágica vibração,
detém valiosa serventia.
Nela o afeto se amplia
na suave medida
de alimentar o coração.
Pratos escolhidos,
guardanapos coloridos
fazem a festa.
Cadeiras falam,
cadeiras se acomodam,
cadeiras se aproximam,
acolhem...
Recolhem
o doce sabor.
Cada domingo, uma receita
herdada da família
mostra que o tempo
apreendido pela poesia
não passa, fica.
Preenche de sentido
tudo o que é querido,
amado, cultivado,
abençoado.
Não há ordem nem desordem.
Há presença que cresce,
que se reconhece.
Apenas presença.
No fluir do tempo,
o doce encanto.
No esperado encontro,
A vida se desdobra
em mais vida.