A mesa

Bela mesa branca,

retangular, formato de geometria,

nem grande nem pequena.

Doce lembrança,

sempre amena.

É bela porque multiplica

vida nova todo dia.

O que tem de novo?

A surpresa e a alegria.

Causa espanto

o encanto de cultivar

o dom de amar

e as imagens que a memória

conservará de uma história

que nela se incorpora.

Ela é permanência,

é vida,

é abraço, é acolhida.

Está sempre completa,

sabe dividir, sabe somar.

Nela a vida se desdobra

em mais vida.

Detém mágica vibração,

detém valiosa serventia.

Nela o afeto se amplia

na suave medida

de alimentar o coração.

Pratos escolhidos,

guardanapos coloridos

fazem a festa.

Cadeiras falam,

cadeiras se acomodam,

cadeiras se aproximam,

acolhem...

Recolhem

o doce sabor.

Cada domingo, uma receita

herdada da família

mostra que o tempo

apreendido pela poesia

não passa, fica.

Preenche de sentido

tudo o que é querido,

amado, cultivado,

abençoado.

Não há ordem nem desordem.

Há presença que cresce,

que se reconhece.

Apenas presença.

No fluir do tempo,

o doce encanto.

No esperado encontro,

A vida se desdobra

em mais vida.

Lindita
Enviado por Lindita em 07/02/2015
Reeditado em 07/02/2015
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