Saber aprender
Poesia irmã dos ventos, tranquiliza-me. Há certezas?
O poema é só a invisível vibração de uma pétala na brisa.
que ao pisar nos astros, lhe chamam de bobo.
Se sobe nos mastros, gritam que está louco.
Um dia ainda vou viver de brisas,
não na poesia, porque há vento a inventar.
A poesia sabe ensinar, mas nunca aprende.
Sou pequeno barco num imenso mar de tormenta.
Destino traçado do pensamento imponderável e leve.
do que eu não sou. Meus irmãos não sabem.
Mas sei aprender o que os meus amigos dominam:
sou um lobo correndo pela estrada a dentro,
não me perdi, porque eu não tinha a mim, nem estarei perdido,
mas só sei de onde eu vinha, aprendendo a ser contido.
Há coisas que não decifro, apenas sei aprender,
desprender do poema as lágrimas – mas não tenho lágrimas.
Ganhando um afeto de um desafeto,
desde que o feto era só um espectro,
um fato concreto da insensibilidade a correr,
pelo simples fato de querer aprender.
Quase nada aprendemos com o vento que passa.
mas até eu passarei ... meus versos não.
Meu fardo é brando, meu peso não é de Marlon,
mas meu escambo é branco numa lousa,
onde escondo o silêncio do meu tamanco.
Saber aprender é a injustiça de outrora,
pois tudo é jogado fora, quando chega a última hora.
Por isso deixo o registro, uma razão de existir,
escritos em linhas, pergaminhos em grande pasta.
Se um dia eu ficar louco, e desse mundo partir,
digam que eu fui mesmo um incompreendido poeta,
pois isso basta.