Sujeito oculto
"O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos
anuncio uma boa nova que será alegria para
todo povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi
um Salvador, que é o Cristo Jesus".
(Lucas 2,10 e 11)
Quem sou eu, Senhor, para que venhas a mim?
Senão este ser abjeto envolvido em tanto erro
Esgotando a vitalidade que se aproximou do fim
Réu atirado ao exílio, aqui, neste ermo desterro
Quem sou eu, Senhor, para que seja digno de ti?
Um coração levado por embarcações perigosas
Tentando atracar num porto que nunca descobri
Experienciando inúmeras situações desastrosas
Quem sou eu, Senhor, para que me volte a face?
Se há um véu envelhecido que cobre meu rosto
Entre milhões de corações ao meu perscrutaste
Penetrando nesta vil morada infiel, predisposto
Quem sou eu, Senhor, para que de mim condoas?
Perdulário, ateei fora talentos a mim confiados
Andarilho nômade entre as tantas bodegas à-toa
Em meio a iguais criaturas de olhares apressados
Por infinitas vezes chorei lágrimas do dissabor
Por tantas vezes tentei abandonar minha vida
Mas, não importa quem sou eu, meu Senhor
Vieste, foste capaz de curar toda a dor sentida
Agora, meu mestre, tornei-me um apaixonado
Nunca serei capaz de te retribuir com justiça
Seu grande e inexplicável amor transpassado
Que reconciliou essa minha existência omissa
Perdão, Senhor, por não adorar com eloquência
Porque nesse tempo de mundo, eu envelheci
Mas, estando em ti, esperarei com paciência
Pois, ao libertar-me, devolverá tudo que perdi.
* A todos meus amigos e amigas do Recanto das Letras,
meus votos de um FELIZ e SANTO NATAL do SENHOR!