UM MERGULHO NA CERVEJA

Pare contemple e veja

Nos olhos de quem bebe uma cerveja

Sentado numa mesa

Perceba quanto mel escorrendo

Nos favos paralelos de seu olhar

Um jardim de inúmeras recordações

Como borboletas douradas voando num gole

Invadindo-lhe o carente e absorvente corpo

Deixando sua alma mais alva e leve

O desbotado cinzento do dia

Vai se desvanecendo virando polens encantados de poesia

E colorindo seu jardim com perfumes dormentes de lúpus

Uma viagem neuronal lhe implode por dentro

Assim como a bebida gasosa explode como rebento risível

Junto á superfície do copo quase que imperceptível

E junto à cerveja

Um gozo maltado ruminantemente o corteja

Sua envolvente musa loira o entorpece enfeitiça

Tudo é festa que se refestela

Nesta dança amarela tudo esvoaça e tudo viça

Enquanto ele vira a página a nostalgia se rasga

E o mundo a cada copo se contagia e gira

Bebe ele o mar de sua escuma

A viagem do louco não para ele agora flutua

O mundo agora lhe pertence e o cultua

Se sente como um Deus Netuno que a tudo vence

Em suma um supra-humano audaz como um puma

Está no topo no auge do império Asteca

Como o governador Montezuma...

Palavras tortas lhe saem e por todos os cantos se arruma

Se sente nos píncaros do universo vivo e sem conta giro

Está em verso e prosa dissertativo argumentativo e gustativo

E as caprichosas neves das horas escorrem displicentes de seus lábios

Marcados sutilmente por um batom leve como a pluma

Delineados carinhosamente pelas brumas gasosas da espuma...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 17/06/2014
Reeditado em 20/06/2014
Código do texto: T4847612
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