PEDI À FLORESTA...
Pedi à floresta que me acolhesse como refugiado,
No aconchego do seu arvoredo, um lugar seguro,
Receio o meu de perder minha liberdade ou a vida.
Seria para mim morrer cedo, sem refazer o futuro,
Uma desilusão, impossível por mim ser admitida.
A floresta recusou meu pedido, com grande receio
De ser perseguida com o abate do seu património,
As árvores nunca lhe perdoariam tamanha traição,
Pondo em perigo sua integridade, justa ambição,
Jamais aceitariam ter a perseguição do demónio.
Tive de partir, pesaroso, por não ficar na floresta,
Meu encanto, meu desejo, que se diluiu no tempo,
Tomei o caminho do fiel mar, segui para o norte,
Meu desencanto, minha saudade, meu desnorte,
Difícil foi, eu me conformar com tal contratempo.
O mar lançou-me nas praias lusitanas, fui ajudado,
Por minha família que me acolheu e me deu abrigo,
Passei momentos difíceis, fui atrozmente rejeitado,
Pela sociedade que me rotulou de mau retornado,
Percorri longo deserto por ser mal compreendido.
Depois do deserto, tive outros encontros, descobri
Nova motivação, não podia desistir, devia procurar
Refazer minha vida. Assim, consegui com devoção,
Emprego e amigos numa cidade histórica, Tomar,
Onde nasceram meus netos, com enorme emoção.
Ruy Serrano, 05.03.2014, às 11:00 H