TESTURA DO AMOR
(Sócrates Di Lima)
Tento desenhar a tua face,
esparramo as tintas do meu pensamento,
Em lapis de carvão crio um disfarce,
E nele circundo meu sentimento.
Faço em minha alma teu retrato,
Contorno teus lábios no tato dos meus dedos,
Teus olhos o teu relato,
É tua ama sem meus medos.
E assim, meu coração fala,
Nas vozes silenciosas de um retrato mudo...
Mas, dentro de mim, ele fala,
Grita e canta, sobretudo.
É o retrato de um amor inexistente,
Aquele que, ainda, não veio,
Mas que pinto no meu subconsciente,
Rabisco sem sentido, mas em cores, cheio.
Os meus olhos veem o horizonte,
A minha boca grita o meu querer sublime,
Amar... amar...amar quem minh'alma aponte,
Desistir nunca nem esperar sentado numa cadeira de vime.
E assim eu vejo o amor,
Uma face pintada em cores mil,
Tenho na face a delicadeza da flor,
E um coração em céu no puro anil.
O amor é uma nasce de um semeador,
Nas mãos de um plantador de sonho,
Semente vingada no coração de um trovador,
Ramas de amor que em poesia me ponho.
Retrato de mulher,
que carrega na alma todas as belezas do sonhar,
tem o dom da conquista como o acaso quer,
E no corpo a loucura do prazer de um louco amar.
E se comigo, ainda, não pode estar,
Pelas surpresas que a vida nos expõe,
Em um novo tempo, ainda, posso esperar chegar,
como o vento que no solo a semente da vida põe.
E assim, me canto, nas canções da vida eterna,
De quem ama sem nunca despertar,
E assim, amando, sempre superar,
Os gritos sem respostas como ecos de uma caverna.
E desse encanto pinto o retrato de um bem querer,
Aonde minhas mãos tecem contornos de flor,
Um retrato falado pelo coração que teima em viver,
Desenhando na alma a doce e eterna textura do amor.