O poeta
O poeta é solitário em seu recinto
Põe-se a pensar no meio da multidão
Tal qual são as vozes que geram alaridos
E acende o mundo sentido da escuridão
Vários sentimentos que querem se tocar
Barcos e velas, sons do vento a enaltecer
Cantam vários verbos que ligam a rimar
Contos que um velho se pôs a contar.
Dias que a natureza se esbalda a inspirar
Sintomas de paixões que chegam devagar
Rostos esquecidos, fácil de lembrar
Corações endurecidos por um silenciar
O poeta então se mistura na imensidão
Que as vozes dizem para ele ouvir
Ele vai por trás dos muros escondidos
Que só seus olhos podem ver e sentir
São decifrados sentimentos ocultos
Dos mais simples aos mais complexos
Tudo fica traduzido num papel branco
Que só o poeta entende os seus nexos
Nada é tão confuso aos seus olhos
Nada é difícil ao seu sentir
Ele sabe usar palavras tão bonitas
Que traduz o passado ao porvir.
Tantas coisas ele pensa escrevendo
Das verdades contidas na sua essência
Num sentido figurado ele transcreve
A qual desmancha na experiência
O poeta não vive calado em si
Ele fala com as letras ao mundo
Sobre tudo e todos que existem
Desse universo fecundo.