De cima do morro.
De cima do morro, sozinho
Estava o menino a sonhar.
Em um mundo muito distinto
Daquele que estava a habitar;
Haveria paz e segurança,
Haveria comida a fartar.
Viveria, enfim, como criança.
Proteção e carinho no abraçar.
De cima do morro, chorando;
Havia uma mãe a lamentar,
As perdas que a vida vai lhe tirando
As dores que o destino dá.
Havia a lágrima caída,
Um pranto a lhe calar,
Da vida, não ter saída.
Somente a arte de se conformar.
De cima do morro, brilhando,
Havia a Lua a testemunhar;
Os risos, os desenganos,
A esperança, à força, brotar,
Na sua mera contemplação,
Na indagação que por dentro há.
Havia intensa admiração.
Do sentimento humano vivenciar.
Lá em cima, no céu;
Um anjo a guardar,
O menino lá no morro
Que podia jurar.
Que só havia ele naquele mundo
Que vivia a sonhar.
O mundo onde nada faltava,
Tudo existia a fartar.
Lá em cima, no céu,
Um anjo velando;
A mãe desconsolada
Que estava chorando.
As perdas da vida,
Nesse mundo insano.
A lágrima caindo,
E o anjo secando.
Havia no morro, radiante,
A Lua, tão alegre a brilhar.
Os anjos Divinos,
Procurando alegrar.
As almas tristes,
Que estavam a ansiar.
A esperança tão linda,
Do sentimento humano vivenciar.