Mentiras
Mentiras se enredando
Pelas frestas da iliada
Passa uma sonhadora
Com suas hostes pagãs
Passa o teatro do circo
Passa aquela prostituta
De estrelas embriagadas
O catireiro a somar
Quando tudo é bom negócio
Por atacado ou varejo
O boticário a pingar
O solteiro apaixonado
Caminhoneiro perdido
Engenheiro a calcular
O passarinho pousado
O cachorro no farejo
O varredor a varrer
O mendigo a mendigar
O sacos de cereais
Os secos e os afogados
Alho, cebola, fogo
As nuvens a delimitar
O tempo fértil da terra
E o lavrador lavrando
A vida no seu lugar
A vida no seu lugar
O padeiro perdoado
Por ter feito nosso pão
O cego que ouve sapo
Passa a mulher carpindo
A morte, último inverno
A sonâmbula que voa
A invejosa em seu melindre
O cabrito a saltitar
A mãe que nos desenreda
As irmãs maledicente
A maldizer com três pragas
O homem que quer três homens
Os rapazes catamitos
Na sua cama a gozar
O estrume do cavalo
O esterco da galinha
A água tão cristalina
A vida no seu lugar.
Roberto Gonçalves
Mentiras se enredando
Pelas frestas da iliada
Passa uma sonhadora
Com suas hostes pagãs
Passa o teatro do circo
Passa aquela prostituta
De estrelas embriagadas
O catireiro a somar
Quando tudo é bom negócio
Por atacado ou varejo
O boticário a pingar
O solteiro apaixonado
Caminhoneiro perdido
Engenheiro a calcular
O passarinho pousado
O cachorro no farejo
O varredor a varrer
O mendigo a mendigar
O sacos de cereais
Os secos e os afogados
Alho, cebola, fogo
As nuvens a delimitar
O tempo fértil da terra
E o lavrador lavrando
A vida no seu lugar
A vida no seu lugar
O padeiro perdoado
Por ter feito nosso pão
O cego que ouve sapo
Passa a mulher carpindo
A morte, último inverno
A sonâmbula que voa
A invejosa em seu melindre
O cabrito a saltitar
A mãe que nos desenreda
As irmãs maledicente
A maldizer com três pragas
O homem que quer três homens
Os rapazes catamitos
Na sua cama a gozar
O estrume do cavalo
O esterco da galinha
A água tão cristalina
A vida no seu lugar.
Roberto Gonçalves