Menina pálida

Viste a menina pálida
Que ao baile não foi bailar?
Chorou toda a madrugada
Desmaiada no despaldar
Sapatinho de veludo
Mamãe me mandou ficar
Veio o moço capa e espada
Veio o ímpeto do dia
O travesseiro de pena
E toda a melancolia
Da janela sempre aberta
Passando a vida acolá

"O amor já é de si 
Um grande arrependimeno"

Debruçada no convento
Só não passa pensamento
Devaneio enfim não passa
E a chama que sempre arde
Ela reza e quer amar
Mas o amor não permite
Porque vive no limite
Abnegado tormento
O lamento não aceita 
Não suporta a gelidez

De um vento sublunar
Receita de pão-de-ló
Forno de rosca caseira
Menina despedaçada
Bordando pano de prato
O pé fora do sapato
O tapete a desfiar

O tapete dos meus sonhos
Teus pés a cariciar

Passarei, tu pasarás
Passaremos para trás
À sombra do tamarindo
Debaixo dos bananais
Passaremos, passareis
Cada um tem sua vez

Roberto Gonçalves
RG
Enviado por RG em 29/10/2013
Código do texto: T4546800
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