Passa a lua e madrugada

Passa, passa e a lua e a madrugada
Passa o verso e a passarada
No passeio distraído
Passa, passa o boi passa a boiada
Passa a peneira rachada
Passa o momento de rir

Passa 
Nos olhos do rio Sapucaí
Do cálice consagrado
Do escuro confessionário
O mapa do meu tesouro
Daquele menino que fui.

Fui menino e não passei
Tanta fé no coração
E não me deixaram passar

Um menino que subia

A ladeira todo dia
E ia dar injeção

No velho tuberculoso
Deitado no seu colcão
De palha e dessassego

Salve, salve Rainha
Mãe da misericórdia
Salve santa da tísica
Salve as almas do lugar !

E na sombra do semblante
Uma luz vinha luzir
Azulada lamparina
Bailava na minha sina
Deus há de perdoar.

Roberto Gonçalves
RG
Enviado por RG em 29/10/2013
Reeditado em 07/06/2016
Código do texto: T4546791
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